Pra continuar nossa aventura, acordamos o outro dia bem cedo e fomos tomar café da manhã, que era de novo pão com geléia. Mal sabia eu, mas as tendências cleptomaníacas da Gabi se espalharam e todos roubaram pão (podemos cantar agora?) pra comer depois. Muito esperto da parte deles. Enquanto isso eu tava tirando umas fotos da paisagem (montanhas semi-desérticas com o sol nascendo, beautiful). Isso foi antes de acabar a bateria da minha câmera, que troll como sempre, estava com a bateria cheia de noite e de manhã acabou ¬¬... Bem, mal começamos a andar (mal mesmo, porque o Rafa nem tinha começado a dormir ainda), paramos pra tirar fotos de umas montanhas, que tinham umas formações rochosas engraçadas, pareciam mãos. Mas foi rapidinho, logo tocamos o barco pra Tinghir. Pra sacanear nossas amigas chinesas, digo, olhos puxados, digo, taiwanesas, ah, vocês entenderam, a Camilla e o Rodrigo foram na frente, obrigando elas a ficar atrás, mas ainda ficaram juntas. O Rafa já tava dormindo, mas paramos de novo, pra tirar foto do vale de Tinghir, que segundo o carinha era o último lugar com plantações como aquelas.
Depois de descermos até o vale, descemos da van e começamos a andar no meio das plantações com um guia. Já no começo as chinesas (nem vou mais corrigir) começaram a brigar com o cara porque a gente tava andando muito rápido e ele não tava falando nada. Na verdade ele tava, ensinando árabe pra gente #gabipira. Na verdade, no Marrocos além do árabe tradicional, o berber é falado (sem contar o francês), mas o berber vem caindo em desuso. Ele ensinou umas palavras nas duas línguas, mas era impossível de lembrar (se bem que a Gabi anotou no tablet dela). Quando paramos numa sombra, ele começou a explicar como funcionava as plantações, que cada família tinha seu próprio espaço e cuidava da sua plantação, como uma comunidade. E qual era a diferença das palmeiras #rodrigopiranasplantas. Depois subimos por dentro da cidade, ou melhor, dos becos, até entrarmos numa casa. Ali o dono nos convidou pra sentarmos, enquanto ele servia chá pra gente, ensinava algumas palavras em berber e nos explicava como eles faziam os tapetes e bolsas, com lã ou fibras de semente de cactus. Claro que no final ele esperava que alguém comprasse alguma coisa, mas os únicos que tinham dinheiro eram os ingleses a senhora inglesa acabou levando uma bolsa.
Vontade de levar é que não faltou né...
Ainda antes de sairmos da cidade, passamos por uma lojinha de lenços e todo mundo comprou um lenço pra por na cabeça, porque afinal de contas levar aquele sol no coco não é fácil. O problema é que a pSil não quis comprar com a gente e foi tentar pechinchar em algum lugar, mas ninguém sabia onde. Tivemos que parar a excursão pra procurar ela. Aposto que ela tava era procurando um marido haha. Bem, antes de sair, aproveitamos pra tirar umas fotos com o novo figurino, mas nem deu tempo de aproveitar porque o carinha já tava enchendo o nosso saco. E antes de nos despedirmos de Tinghir, aproveitamos pra parar num mirante e tirar mais fotos.
Fazendo a exposição das nossas figuras
Vale de Tinghir. E a camisa do PET marcando presença no Marrocos ;D
Quando o cara falou que íamos parar pro almoço, todo mundo ficou feliz. Mas durou pouco, porque ele falou que a gente não ia comer. Oi? Calma, a verdade é que pedimos o nosso almoço, mas não ficamos no restaurante. Ao invés disso, fomos até um canyon ali perto. A paisagem era realmente muito bonita, mas os marroquinos em cima da gente é um saco e não adianta nem falar em português que eles falam "amigo, amigo, compra", é irritante! Isso foi de longe o que mais me irritou no Marrocos e quando me perguntam se eu voltaria pro Marrocos e eu digo que não, é por causa deles =P. Enfim, depois das fotos, voltamos pro restaurante e almoçamos, claro que comendo o pão antes do almoço. O que esqueci de dizer antes, é que os gatos do Marrocos são treinados pra pedir dinheiro e eles invocaram que a Gabi tinha dinheiro. Isso mesmo, no primeiro dia em Marrakesh, na janta, tinha um gato; no almoço na cidade cinematográfica tinha um gato e agora tinha um gato de novo. Já tava vendo a Gabi chutando um gato e fazendo um touchdown, mas ela se controlou. Acabando com o meu dinheiro, paguei o almoço e seguimos caminho rumo ao deserto.
Nós no canyon. Adorei a minha pose haha
Essa parte foi demorada. Continuamos a viajar e cada vez mais tinha menos sinal de civilização e até de plantas. A cena tava mais seca que o nordeste brasileiro... Enquanto isso o Rafa tinha arrumado uma colega dorminhoca. Enquanto ele tava dormindo todo torto, uma das chinesas estava dormindo feito um boneco de posto, quase caindo do banco. Claro que a Gabi gravou essa cena enquanto a gente se matava de rir hahaha. Outra coisa que esqueci de comentar é que tinha muita fiscalização nas rodovias. Toda vez que trocávamos de município tinha uma viatura parando carros, mas o motorista era conhecido da galera, porque sempre passava sem problema. Por falar nele, ele não parava de falar com a Camilla (ele tava de olho e o Rodrigo segurando vela la na frente haha). Depois de um tempão andando paramos num lugar totalmente nada a ver, que era pra aprender como eles retiravam rochas com fósseis e transformavam em decoração pra casa (não faz nem um pouco o meu gosto, mas enfim, deu pra ir no banheiro né). Com o dia acabando, paramos num mercado pra comprar uns mantimentos (especialmente água) para o deserto e finalmente chegamos em Merzouga. Lá, deixamos nossas malas e prosseguimos só com uma mochila e finalmente pegamos nossa caravana de camelos.
Preciso dizer que andar de camelo foi muuuuuuuito desconfortável haha. Bem mais do que eu achei que seria. E especialmente para os homens não é muito recomendável. Mas enfim, o começo foi super emocionante. Ele fica abaixado, você monta e logo em seguida ele sobe, se você não se segurar direito, pode cair. Só de brasileiros lotou uma caravana e a Camilla teve que ir na outra. Liderando a nossa estava a Gabi, com a Nazira, a Stefani tava em segundo com o camelo dela que não lembro no nome, depois estava eu com o Alstublief, daí vinha a Camila, o namorado dela, depois a pSil com a Gabriela, o Rodrigo com o Alpino (porque segundo ele, o camelo era tão branco que se chamaria Alpino haha) e o Rafa, que acho que dormiu antes de dar um nome pro camelo.
Força Brasil rumo ao Saara
Enquanto íamos nos afastando do que sobrava da civilização e entramos no deserto, camelando nas dunas, comecei a conversar com a Camila. Descobri que ela era de um PET da UFSC (vai que a gente tinha se visto no SULPET? Pelo menos reclamei que a nossa zona de barracas era longe pra chuchu haha) e que ela era de Pato Branco, daí (ela acabou recebendo nosso apelido carinhoso de Camila Bozena a partir de então). E a maior coincidência de todas, foi que ela estudou no Colégio Michel Reydams na vila de Segredo, no interior do Paraná, onde eu morei por 7 anos! Você fica de boca aberta quando no meio do Saara conhece alguém que estudou na mesma escola que você quando eram crianças. Agora a Emili não é a única que se encaixa nessa coincidência hahaha. Pra aproveitar o clima do deserto, pedi pra Gabi cantar a música do clone e ela cantou. Claro que a gente ficou tagarelando enquanto ela tirava foto da gente. Nesse meio tempo, uma das chinesas (que eram as três últimas da outra caravana) derrubou a câmera na areia e tivemos que parar a excursão pra procurar. Pouco tempo depois, o camelo da primeira delas desamarrou do resto e elas ficaram paradas no meio do deserto hahaha. Mas o carinha foi la buscar elas e amarrou o camelo ao resto de volta. Foi então que o cara parou e falou pra Gabi: "Mas você fala demais hein!". O.O What? O carinha fala português e a gente tava falando esse tempo inteiro? Vai que a gente tinha falado mal dele (o que acho provável haha). Mas a Gabi respondeu: "Eu? Nem falo, sou quietinha." E ele: "Quietinha... parece um rádio!" Hahahahaha. Não preciso nem falar que a Gabi passou o resto do caminho quieta. Anoiteceu e o inglês ficou puto da vida, porque queria chegar pra ver o por-do-sol, mas com o motorista parando tanto, perdemos. Mesmo assim, a visão do céu a noite já valia a pena. Com certeza é algo que o Camacho gostaria de ver. Era muito bonito, que você se perdia olhando pras estrelas. Começou a esfriar e a calça que eu tinha colocado tinha subido por causa do camelo, então minhas canelas estavam pra fora. Com ajuda de lanternas, continuamos andando, até o cara parar os camelos e fazê-los descer, chutando a perna deles (tadinhos) e a gente quase cair de novo. Minhas pernas agradeceram, porque como não tinha nenhum lugar pra apoiar os pés (como nos cavalos), elas estavam doendo demais por permanecer na mesma posição por uma hora e meia de camelo.
A seguir escolhemos as nossas tendas, ficando eu, Rafa, Rodrigo e Tainá numa tenda, as gurias de um lado e nossas amigas chinesas do outro (isso é importante para fatos futuros haha). Mas mal deu tempo de nos instalarmos na barraca, o cara mandou a gente ir pra uma tenda grande, que tínhamos que andar no escuro para chegar, e nos prepararmos pra jantar. Enquanto comíamos pão fomos conversando muito. E depois de um tempo chegou o arroz. E mais nada. O que pensamos? Que a janta era pão com arroz. E foi o que comemos. Pior que o arroz era meio doce e não tinha sal naquele lugar, só tinha areia. O jeito foi se entupir de pão com arroz até que chegou a carne. Todo mundo chora, menos eu, porque eu comeria pão com arroz do mesmo jeito =P. Nessa altura do campeonato, o Tainá já tinha virado o alvo de bullying do Rafa a da Gabi haha. Pra finalizar o jantar, teve os carinhas tocando tambores. Muito interessante, mas depois de um tempo, começou a ficar chato porque parecia a mesma coisa eternamente. O Rafa começou a falar sem parar e então um dos marroquinos falou pra ele ficar quieto, terminando a frase com c#&@*%o, que por conta do horário nobre traduzimos pra cavalo. Então o namorado da Camila foi tocar uns tambor com os carinhas, mas a gente resolveu enfrentar o breu e voltar pras barracas. A hora que cheguei o Rodrigo já tava dormindo, mas as meninas ficaram tagarelando do lado. Pra piorar a situação, as chinesas foram fazer xixi bem atrás da nossa tenda, na verdade atrás do Tainá. Ele xingou muito elas hahahaha. Depois disso foi se enrolar muito pra encarar as temperaturas negativas do deserto do Saara e se preparar para o caminho de volta...
to be continued...
PS: créditos das fotos à Gabi, que tinha a paciência câmera boa pra tirar fotos.